domingo, 8 de abril de 2012

Dia de Páscoa


Foi completamente normal. Foi um domingo normal como todos os outros sempre são. Talvez o almoço tenha sido mais gostoso e mais familiar, mais amigável. Chegaram umas mensagens educadas, uma simples, mas importante ligação de uma amiga. A semana foi cheia, mas não tão diferente do que costuma ser.
Não me animei para comprar chocolates desde o início das propagandas. Por tentativa de malandragem, evitei enfrentar longas filas. No entanto, as filas, hoje em dia, fazem parte do cotidiano de qualquer pessoa. Impossível evitá-las. Os chocolates foram comprados, os ovos e a esperança. Por que esperança?

Lembro-me de ser criança e não ganhar tantos ovos de Páscoa como as crianças de hoje ganham. Meu pai, um tanto contrário e “insensível” a essa data, aceitava comprar trocentas barras de chocolate e caixas de bombons. No entanto, comprar ovo de Páscoa era “bobagem”, e mal me lembro de ter recebido dele, meu pai, algum ovo de Páscoa.
Certo dia, porém, recebi um ovo de Páscoa de uma amiga da família, e me recordo desse como o primeiro que ganhei na vida. A felicidade foi instantânea. Comer chocolate sempre foi bom, mas como toda criança, eu tinha a esperança de encontrar algo dentro do ovo, de ver qual seria o tesouro, ainda que fosse um simples brinquedo de encaixe.

Hoje, mais velho e não dando tanta atenção a chocolates, sinto-me sempre bem em dar ovos de Páscoa às crianças. Por quê? Para provar que sou bom e garantir um lugar perfeito na minha vida após a morte? Não. As crianças são sempre cheias de esperanças. Pode até ser bobagem um ovo de Páscoa, mas ao receber um, a criança ativa essa esperança do que vai encontrar, se vai ser legal ou não. Acredito que dar possibilidade a uma criança de ter esperança pode fazer com que a mesma repita esse ato no futuro. O mundo precisa de gente que sonhe, que tenha esperança. Faz-se o bem ao permitir que alguém espere encontrar algo com que se deslumbre, mesmo que seja um simples brinquedo moderno.

O chocolate é o de menos. Para uma criança, uma barra, uma caixa de bombom não vai ter graça. Essas coisas podem ser abertas sem nenhuma esperança.
Sempre querem descobrir o que há dentro do ovo, o que há de “mágico”. Sei que além de ter brindes, dentro dos ovos de Páscoa sempre há a esperança de existir alguém que tentou, pelo menos, não destruir a inocência das crianças diante do mundo real e talvez um pouco cruel em que os adultos vivem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário