quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A violência de uma resposta


Lembro de sempre, desde bem novo, evitar falar muito. Evitava até mesmo responder sobre algo que tivesse me chateado. Tinha certo medo de falar. Digo falar referindo-me a um diálogo claro, porque sempre tive medo de ferir alguém com uma resposta minha, franca e pronta. Aquelas respostas “espertinhas”, cruéis de crianças inocentes, respostas que brincam de pique com a nossa razão. E a razão sempre perde. E a gente sempre perde a razão com essas respostas.
Todos concordam que um soco dói e pode ferir; com uma facada acontece o mesmo. Não falava porque tinha medo de golpear alguém; não falava porque tinha medo de esfaquear alguém. Um golpe fere, eu sei, sabemos. Uma facada mais ainda. Mas a resposta quando foge da razão não deixa de ter a mesma violência, não tem menos potência que um golpe furioso. O problema é que uma dessas respostas pode causar feridas sérias, irreversíveis. Eu prefiro - e sempre preferi – observar e escutar. Ficar calado e hesitar em falar demais. Se uma dessas respostas foge, eu posso perder o pique, e razão vai ficar cada vez mais difícil de estar com a vez.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Olhos

Olhos de bem
Lindos, grandes, leves
Veem

Olhos de quem
Ama, sorri, sonha
Muito e além

Olhos de quem voa longe
Vai até o infinito
E vem

Olhos de sempre, de nunca
Olhos de quem uma hora cansa
E muda

Olhos inocentes, seus olhos
Olham os inocentes, me olham
E veem

Olhos insanos, descontrolados
Olhos perdidos, descuidados
Que só amam,
E não veem nada além de amores no céu estrelado