
Lembro de sempre, desde bem novo, evitar falar muito. Evitava até mesmo responder sobre algo que tivesse me chateado. Tinha certo medo de falar. Digo falar referindo-me a um diálogo claro, porque sempre tive medo de ferir alguém com uma resposta minha, franca e pronta. Aquelas respostas “espertinhas”, cruéis de crianças inocentes, respostas que brincam de pique com a nossa razão. E a razão sempre perde. E a gente sempre perde a razão com essas respostas.
Todos concordam que um soco dói e pode ferir; com uma facada acontece o mesmo. Não falava porque tinha medo de golpear alguém; não falava porque tinha medo de esfaquear alguém. Um golpe fere, eu sei, sabemos. Uma facada mais ainda. Mas a resposta quando foge da razão não deixa de ter a mesma violência, não tem menos potência que um golpe furioso. O problema é que uma dessas respostas pode causar feridas sérias, irreversíveis. Eu prefiro - e sempre preferi – observar e escutar. Ficar calado e hesitar em falar demais. Se uma dessas respostas foge, eu posso perder o pique, e razão vai ficar cada vez mais difícil de estar com a vez.
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