segunda-feira, 14 de março de 2011

O telefone


Eram quase 2 da madrugada, e o telefone começou a tocar. Aquele toque irritante e alto, na verdade, me dava medo. O toque continuava, incessante, invadindo meus ouvidos e minha casa, me tirando a paz.
Sempre achei que as notícias que vinham por telefone eram ruins. Por isso, movi, no máximo, os olhos para confirmar meu desgosto pelo toque do telefone e ter certeza de que não iria atendê-lo. Eu só desejava que ele parasse de tocar. Não porque havia atrapalhado meu sono, mas sim porque eu estava com um certo receio. Achei que o telefone não fosse parar de tocar, e eu, sonolento e tenso, teria que atendê-lo e ouvir a pior notícia do mundo.
Não me passou pela cabeça a ideia de ser um engano ou um trote. Afinal, passar trotes já tinha saído de moda, estava fora de época.
Foram mais ou menos vinte segundos de tensão, intensos. Ouvindo aquele toque chato. Mas ele parou de tocar, e eu me tranquilizei. Alguns segundos depois, me arrependi...Pensei mesmo num alguém. Um alguém sozinho, do outro lado da linha, que assim como eu, não conseguia dormir e só queria atenção.

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