terça-feira, 17 de julho de 2012

Segredo de Sheik

Farrokh Al Nahyan e Samir Al Khelaifi conversavam por horas e horas. Negócios. Negócios capitalistas, dinheiro, trabalho, acordos, grandes acordos, conquistas. Uma opinião, duas, três... Concordaram. E estavam agora admirando a paisagem. O Sol anunciava seu descanso e descia ao mar carioca. A vista do hotel era linda. Foto perfeita, cena de cinema. O céu, numa mistura de belas cores, mostrava a morte do dia. “O dia também morre e é lindo”¹. Através do seu Ray-Ban, Farrokh se entorpecia com a beleza do final da tarde. Samir, por sua vez, cantarolava Amr Diab. Matando tempo, os dois bons amigos decidiram abandonar a seriedade capitalista de Dubai e entregar o jogo. Farrokh comenta, um pouco magoado, seu segredo de sheik. Disse que seu coração parecia patrimônio da humanidade. Muita gente queria ter seu coração e teve, mas destruíram quando tiveram. - E os patrimônios da humanidade são assim: muitos querem ter, mas nem todos cuidam como devem. - Samir lamenta, fixa o olhar num belo edifício que reflete as cores do crespúsculo e leva um breve silêncio à conversa. De forma um pouco lenta, levanta a cabeça, olha para Farrokh e arrisca uma conclusão ousada: - Meu amigo, digo que, nesse mundo, até mesmo nós, sheiks de Abu Dhabi, amamos, erramos...e também sofremos. Nem todos sabem cuidar do que gostam. Nem todos querem cuidar do que gostam. Ter é muito fácil quando não se tem o costume de cuidar. ¹ verso da música Nós – Cazuza/Barão Vermelho

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